segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mais uma razão para proteger Abrolhos


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Mais uma razão para proteger AbrolhosRoberto Vámos - 21/05/2012 às 08:05

Uma das funções deste blog é chamar a atenção para informações novas que saem na literatura científica e que são de extrema relevância para a tomada de decisões por parte da sociedade com relação ao uso dos nossos recursos naturais.  Ultimamente temos assistido a vários episódios de ataques à razão e à ciência na mídia e no Congresso Nacional, com a aprovação do novo código florestal apesar dos expressos protestos da Academia Brasileira de Ciência e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência, as duas principais agremiações científicas do país.
Foto: ernie_greatoutdoors / Flickr
Em abril foi publicada uma descoberta por uma equipe de cientistas da Rede Abrolhos que mostra porque nossas decisões devem sempre ser baseadas na ciência, e se não tivermos dados suficientes, devemos então tomar sempre as decisões mais conservadoras possíveis.  Os pesquisadores da Rede Abrolhos descobriram, após dois anos de mapeamento do leito marinho do Banco de Abrolhos (no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia) o maior banco de rodolitos do mundo.
Rodolitos são algas que se parecem com rochas ou corais e que produzem calcário, matéria-prima usada por animais como moluscos, lagostas, caranguejos e até corais para formar suas carapaças.  É importante realçar que o carbonato de cálcio é também uma das principais formas que a natureza tem para estocar, de forma inerte, o excesso de carbono na atmosfera.
Mas os rodolitos de Abrolhos sofrem duas ameaças simultâneas: a acidificação dos oceanos causados pelo CO2 em excesso que se dissolve nas águas do mar e a exploração de petróleo em seu entorno.  Contra a primeira ameaça, a ciência já deu seu alerta: precisamos reduzir urgentemente nossas emissões de CO2.  Contra a segunda ameaça, propõe-se o aumento da área de proteção ambiental na região de Abrolhos dos atuais 880 km2 para cerca de 92.500 km2.
Parece muito, mas não é. O Brasil tem uma área territorial marinha equivalente a 40% de seu território terrestre  – ou seja, mais de 3,2 milhões de km2.  A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar dá aos países domínio sobre uma faixa litorânea com 200 milhas náuticas de largura.  Os 92.500 km2 de área de proteção ambiental propostos representam menos de 3% desta nossa Amazônia Azul, enquanto que cientistas dizem que pelo menos 10% de toda área dos oceanos do mundo deveriam estar integralmente protegidos.
Precisamos prestar mais atenção aos oceanos. Conhecemos muito pouco sobre elas, como mostra o surpreendente estudo publicado mês passado. É fundamental protegê-los para que possamos conhecê-los.  As reservas de petróleo continuarão lá embaixo.  E a biodiversidade marinha – continuará lá também?

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