Substância causou aquecimentos de entre 2° e 3°C há 50 milhões de anos.
Descoberta pode ajudar a prever o comportamento do clima no futuro.
Sedimento mostra indícios de que havia dióxido de carbono no fundo do oceano (Foto: Scripps Institution of Oceanography, UC San Diego) |
Os pesquisadores afirmam que a liberação de volumes de dióxido de carbono que estavam isolados no fundo do oceano e seria o mais provável causador desses eventos “hipertermais”. A maior parte deles aumentou as temperaturas em entre 2° e 3°C, número comparável às estimativas conservadoras do aquecimento das próximas décadas, causado pela ação humana.
Eles chegaram a essa conclusão por meio da análise de sedimentos recolhidos na costa da América do Sul. Pela quantidade de argila acumulada no núcleo desses sedimentos, foi possível identificar que houve acidificação do oceano, o que é explicado pela presença de dióxido de carbono na água.
Na maioria das vezes, esses hipertermais duraram cerca de 40 mil anos. Eles ocorriam aproximadamente a cada 400 mil anos durante um período quente da história da Terra, há 50 milhões de anos. Por volta de 40 milhões de anos atrás, o planeta entrou numa fase de esfriamento e não houve mais eventos dessa magnitude.
“Esses hipertermais não parecem ter sido eventos raros, portanto há muitos exemplos antigos de aquecimento global numa escala que, de modo geral, é como o aquecimento esperado para o futuro. Podemos usar esses eventos para examinar o impacto da mudança global nos ecossistemas marinhos, no clima e na circulação dos oceanos”, afirmou Richard Norris, geólogo que é um dos autores da pesquisa.
Desde o século XVIII, o uso de combustíveis fósseis já aumentou em quase 50% as concentrações de dióxido de carbono. O estudo dos hipertermais do passado deve ajudar os cientistas a produzir estimativas de quando tempo será preciso para reverter as temperaturas aumentadas pelas atividades humanas.
“Num período de entre cem e 300 anos, fizemos um efeito sobre a Terra que levará dezenas de milhares de anos para ser equilibrado, a julgar pelo histórico geológico”, afirmou Norris.
FONTE: G1, São Paulo
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